A vereadora de Rio do Sul, Sueli Terezinha de Oliveira (PSD), está no centro de um grande escândalo de corrupção que teria desviado mais de R$ 11,3 milhões dos cofres da saúde municipal. Segundo denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), a parlamentar é acusada de integrar uma organização criminosa, além de crimes de fraude em licitação, corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
A investigação aponta que Sueli Oliveira desempenhava uma função estratégica no esquema, utilizando sua influência política para articular e apoiar a liderança do grupo, garantindo a continuidade de contratos fraudulentos e recebendo vantagens indevidas em troca. Embora não ocupasse mais o cargo de Secretária de Saúde, a vereadora mantinha forte ascendência sobre a então titular da pasta, Roberta Hochleiter, também denunciada.
A denúncia do MPSC detalha a participação da vereadora em ao menos dois grandes esquemas de fraude.
Fraude na Contratação da RB Construções
No primeiro caso, relacionado à Dispensa de Licitação nº 23/2024/FMS, a vereadora teria recebido propina para viabilizar a contratação da empresa RB Construções Ltda.. A empresa, que segundo a investigação era uma fachada controlada pelos líderes do esquema, foi contratada por R$ 276.000,00 para serviços de limpeza e pintura em postos de saúde afetados pelas enchentes de 2023.
As investigações revelaram que Sueli Oliveira recebeu pagamentos diretos para garantir o contrato:
- R$ 2.500,00 transferidos por Eládio Ramos, um dos operadores da RB Construções, em 30 de abril de 2024.
- R$ 2.500,00 transferidos por Claudete Hoepers, companheira de Eládio e também envolvida no esquema, em 13 de maio de 2024.
- R$ 7.000,00 em espécie que teriam sido entregues pelo líder da organização, Gregori Bertagnolli, e foram apreendidos no veículo da vereadora durante uma operação de busca e apreensão em 22 de novembro de 2024.
Contratação Ilegal da MAC Carlesso Eletro
A vereadora também é acusada de intermediar a contratação ilegal da empresa MAC Carlesso Eletro Ltda, através da Dispensa de Licitação nº 43/2024/FMS, para manutenção de aparelhos de ar-condicionado. A denúncia aponta que o procedimento foi simulado para justificar pagamentos por serviços já prestados e com valores superfaturados.
Pela sua atuação, Sueli teria solicitado e recebido uma propina de
R$ 9.000,00 dos sócios da empresa, Saulo José Elias e Josiane Carlesso. A transação foi evidenciada por meio de diálogos interceptados e movimentações bancárias suspeitas: Josiane sacou R$ 11.000,00 em 28 de junho de 2024 e, no dia útil seguinte, 1º de julho de 2024, Sueli depositou R$ 10.000,00 em sua conta.
Indícios de Lavagem de Dinheiro
A quebra de sigilo bancário da vereadora revelou mais indícios de irregularidades. Durante o período analisado, ela registrou depósitos em espécie que somaram R$ 428.231,00, valor superior aos seus rendimentos declarados de R$ 388.560,52, levantando suspeitas sobre a origem ilícita dos recursos.
Repercussão Política
O escândalo gerou forte repercussão na política local. A Procuradoria Jurídica da Câmara de Vereadores de Rio do Sul emitiu um parecer favorável ao prosseguimento de um pedido de cassação do mandato de Sueli Oliveira, protocolado pelo suplente Lucas Jean Slonczewski (Novo). A leitura e votação da denúncia em plenário estão marcadas para o dia 22 de setembro. Caso a denúncia seja aceita, será instaurada uma Comissão Processante para julgar a conduta da parlamentar.