Nos últimos anos, Santa Catarina, tradicionalmente reconhecida pela qualidade de vida e pelo desenvolvimento econômico, tem enfrentado um fenômeno que desafia a lógica urbana e social: o aumento exponencial do número de moradores de rua. Cidades do interior, como Rio do Sul, que antes pareciam imunes a essa realidade, agora veem suas sinaleiras e estacionamentos de mercados privados ocupados por pessoas que, em busca de migalhas de dignidade, se tornam parte de um cenário cada vez mais visível.
Em meio à aparente crise de infraestrutura, as políticas públicas voltadas à assistência social, longe de oferecer uma solução real, transformam-se em uma espécie de cabide de empregos para aliados políticos e cabos eleitorais. Programas assistenciais, que deveriam promover a reintegração dessas pessoas à sociedade, têm servido, na prática, como instrumentos para perpetuar o ciclo da miséria, criando empregos temporários e cargos em “instituições de acolhimento” que, em vez de resolverem o problema, apenas o perpetuam. Ao invés de promoverem uma verdadeira reabilitação social, esses programas acabam por proporcionar comida, banho e abrigo, mas sem cobrar o essencial: o comprometimento do indivíduo com sua própria recuperação.
Essas “instituições de acolhimento”, que mais se assemelham a um parque de diversão para quem opta pela marginalidade, não apresentam um modelo eficaz de transformação. Pelo contrário, alimentam a cultura da dependência, incentivando uma mentalidade de vagabundagem. Ao invés de aplicar programas que cobrem esforço e trabalho, cria-se um ambiente onde o comportamento ocioso é tolerado e até incentivado, com uma rede de assistência que, ao invés de promover a autonomia, estabelece uma relação de parasitismo social. O “acolhimento” nas instituições, na prática, mais reforça a permanência na situação de rua do que busca a reintegração desses indivíduos na sociedade, como deveria ser o papel de qualquer política pública séria.
Em Rio do Sul os presidentes das Associações de Moradores, sob a gestão José Thomé, com então secretário da Assistência Social – Ricardo Pinheiro, hoje vereador eleito – viveram episódios de muita preocupação e estresse coletivo, quando uma casa de acolhimento foi instalada na calada da boite, os moradores do bairro Canoas acordaram surpresos com a rapidez do poder público, com ‘alvarás questionáveis’, o poder público instalou no bairro sem o menor consentimento dos moradores, e a história deixou memórias para lá de desagradáveis: fezes em frente aos estabelecimentos, atos obscenos, invasão de propriedade, ameaças e até relações sexuais em plena praça pública durante o dia!
Além disso, é importante destacar que muitos dos chamados “moradores de rua” não são meras vítimas de um sistema desigual, mas, sim, criminosos foragidos da justiça. Indivíduos que, por estarem à margem da sociedade, se aproveitam da invisibilidade proporcionada pelas ruas para escapar de responsabilidades legais, como mandados de prisão, ou para exercer atividades ilícitas sem serem detectados pelas autoridades. O aumento de roubos e furtos em áreas comerciais e residenciais de cidades como Rio do Sul serve como um indicativo da realidade por trás da fachada de miséria.
A situação é ainda mais agravada pela generosidade mal direcionada de parte da população, que, na tentativa de ajudar, faz doações nas sinaleiras e estacionamentos, contribuindo diretamente para a manutenção dessa situação. Ao entregar dinheiro ou alimentos a esses indivíduos, os cidadãos não estão, de fato, ajudando, mas sim alimentando uma espiral viciosa de dependência e ineficácia das políticas assistenciais. A doação nas ruas, embora pareça um ato de bondade, apenas reforça a lógica do “não fazer nada” e cria um ciclo onde os indivíduos se acomodam na situação de rua, sem buscar qualquer tipo de transformação ou reintegração.
A solução para o problema dos moradores de rua em Santa Catarina passa pela implementação de programas que não apenas forneçam alimentos e abrigo, mas que exigem comprometimento e esforço por parte dos beneficiários. É necessário um modelo mais rigoroso de acolhimento, que promova a recuperação através de trabalho, educação e tratamento psicológico. Somente com uma abordagem mais séria e comprometida será possível enfrentar esse problema, sem cair na tentação de criar falsas soluções que, em última instância, apenas agravam a crise social.
É urgente que a população de Rio do Sul e de outras cidades do estado compreenda que a verdadeira ajuda não se encontra nas doações nas ruas, mas em políticas públicas eficazes, que desafiem o assistencialismo barato e busquem realmente oferecer uma saída para aqueles que se encontram à margem da sociedade.