É consenso que a corrupção é um dos principais problemas do Brasil. No entanto, um fator determinante para a sua persistência dentro do Estado é a burocracia. Longe de ser apenas um mecanismo organizacional, no contexto brasileiro, a burocracia tem servido como um facilitador da corrupção e da ineficiência, prejudicando diretamente a população.
A burocracia, termo originado do francês bureau (escritório) e do grego kratos (poder), significa literalmente “poder do escritório”. O conceito foi aprofundado pelo sociólogo Max Weber, que a definiu como um sistema organizacional baseado em regras, hierarquia, divisão de trabalho e impessoalidade, com o objetivo de garantir eficiência e previsibilidade na administração pública e privada.
No Brasil, porém, esses princípios frequentemente são distorcidos:
- Regras que beneficiam grupos específicos – Em muitos casos, as normas e regulamentos favorecem determinadas classes, especialmente a elite política, perpetuando privilégios e dificultando mudanças estruturais.
- Hierarquia usada como instrumento de poder – Cargos estratégicos são ocupados por indicação política, não por mérito, reforçando redes de influência e favorecimento.
- Divisão de trabalho convertida em cabide de empregos – O serviço público é frequentemente inchado por nomeações de pessoas sem qualificação técnica, comprometendo a qualidade da gestão.
- Impessoalidade como discurso retórico – Embora a impessoalidade seja um princípio administrativo, na prática, a tomada de decisões muitas vezes atende a interesses políticos e eleitorais.
Como solucionar o problema?
A chave para reverter esse cenário está na eficiência do serviço público. Isso passa, necessariamente, por um critério técnico na escolha dos profissionais que ocupam cargos administrativos. Sem qualificação adequada, a gestão pública se torna ineficaz, impactando diretamente o desenvolvimento humano e os indicadores sociais.
AVALIAÇÃO DO SERVIÇO E DO SERVIDOR PÚBLICO
A eficiência do serviço público pode ser avaliada por meio de indicadores de desempenho, transparência e participação popular. Em cidades como Joinville, em Santa Catarina, a adoção de métricas objetivas, como tempo de resposta a solicitações, qualidade do atendimento e cumprimento de metas estabelecidas, pode garantir que os serviços sejam prestados com eficácia. Ferramentas como ouvidorias ativas, pesquisas de satisfação e auditorias externas ajudam a identificar pontos de melhoria. Além disso, a digitalização dos serviços públicos pode agilizar processos e reduzir burocracias, beneficiando diretamente a população com mais agilidade e qualidade no atendimento.
O atual cenário brasileiro reflete uma burocracia distorcida, que mais atrapalha do que organiza. Talvez, mais do que burocracia, o termo que melhor descreve essa realidade seja “burrocracia”.
Para aprofundamento desse tema recomendamos a seguinte leitura:
O caminho da servidão de Friedrich Hayek. Nesse texto, Hayek sustenta que sistemas de controle estatal sobre a economia reduzem a eficiência, impedem a livre iniciativa e abrem caminho para regimes totalitários.