A Educação Finlandesa em Crise: O Que o Brasil Pode Aprender com a Reavaliação do Modelo

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Vlad Brasil

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Nos últimos anos, diversas análises e notícias destacaram mudanças no sistema educacional finlandês, que, embora amplamente reconhecido como referência mundial, tem apresentado queda nos desempenhos dos estudantes em avaliações como o PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Dados divulgados pela Gazeta do Povo (12/01/2025) indicam que as autoridades educacionais do país têm revisado métodos e políticas educacionais. Entre as causas apontadas para a queda de desempenho estão o aumento da autonomia estudantil, a diminuição da autoridade dos professores e o uso intensivo de dispositivos eletrônicos no ambiente de ensino.

O governo finlandês identificou a necessidade de reavaliar suas “novas pedagogias”, entre elas o construtivismo, cujas bases teóricas remetem a autores como Piaget, Vigotsky e Wallon. Essa abordagem valoriza o papel ativo do aluno no processo de aprendizado, mas também enfrenta críticas por sua conexão com conceitos ideológicos, como o materialismo histórico. Segundo alguns estudiosos, o construtivismo enxerga a educação como um meio de transformação social.

Mesmo com desempenhos superiores aos de muitos países desenvolvidos, a Finlândia reconheceu as limitações de sua abordagem atual e tem ajustado suas políticas educacionais.

A grande questão é: o que o Brasil pode aprender com esse processo de reavaliação? 

O caso brasileiro: desafios e reflexões

O Brasil, no entanto, enfrenta problemas estruturais históricos em seu sistema educacional, evidenciados por resultados insatisfatórios no PISA. Três pontos ajudam a compreender esse cenário:

  1. Ausência de uma política educacional contínua: No Brasil, a educação raramente foi tratada como política pública de Estado. Governos sucessivos, independentemente de orientação política, frequentemente descontinuam projetos anteriores, resultando em um sistema fragmentado e pouco eficiente.
  2. Influências ideológicas: A educação brasileira tem sido influenciada por correntes ideológicas, especialmente o pensamento marxista e a metodologia de Paulo Freire, patrono da educação nacional. Freire propôs uma educação voltada para a transformação social, mas essa abordagem tem gerado debates sobre sua adequação às necessidades do sistema educacional contemporâneo.
  3. Foco limitado no desenvolvimento científico da educação: Historicamente, o sistema educacional brasileiro foi concebido mais como uma solução social – um local para acolher crianças enquanto os pais trabalham – do que como um processo voltado ao desenvolvimento integral do indivíduo.

Esses fatores resultaram em um modelo centralizado e frequentemente ineficiente, que enfrenta dificuldades para melhorar seu desempenho em avaliações internacionais e nacionais.

Possíveis caminhos e lições internacionais

Apesar do cenário desafiador, é possível aprender com exemplos de outros países, como Finlândia e Suécia, que têm revisado suas abordagens pedagógicas em busca de resultados mais consistentes. O Brasil pode adotar medidas semelhantes, reavaliando os fundamentos teóricos e metodológicos de sua educação e promovendo uma política educacional de longo prazo.

Para aprofundar o tema, duas obras relevantes são sugeridas:

  • Educação: Livre e Obrigatória, de Murray N. Rothbard, que discute os limites de sistemas educacionais centralizados e compulsórios.
  • Revolução Cultural Silenciosa, de Christopher F. Rufo, que investiga a influência de movimentos ideológicos nas instituições.

A mudança educacional exige esforço conjunto e planejamento contínuo. Sem reformas estruturais, o Brasil continuará a enfrentar desafios em seu sistema educacional.

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