A administração do estacionamento rotativo em Rio do Sul tem sido um tema recorrente de discussão. Com frequência, surgem questionamentos sobre a gestão desse serviço por uma instituição de ensino voltada à educação especial. A questão central é: faz sentido que uma entidade educacional assuma a responsabilidade por uma função tipicamente ligada à logística urbana?
Antes de qualquer análise, é importante ressaltar que a instituição em questão, a APAE, não pode ser responsabilizada pela situação. A sua finalidade principal é educacional e social, não administrativa ou logística. Para contextualizar:
- As escolas de educação especial, como a APAE, têm a função de oferecer suporte pedagógico, terapêutico e social, garantindo o desenvolvimento dos alunos e sua inclusão na sociedade.
- O funcionamento dessas instituições é estruturado para atender às necessidades individuais dos estudantes, contando com uma equipe multidisciplinar composta por professores especializados, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e assistentes sociais.
- O currículo das escolas especiais é adaptado para atender às diversas demandas dos alunos, promovendo o desenvolvimento acadêmico, habilidades sociais, motoras e de vida independente.
- Os alunos recebem atendimento educacional especializado, com recursos pedagógicos acessíveis e adaptações curriculares, garantindo que cada um tenha suporte adequado para sua evolução.
- A APAE também trabalha na inclusão social de seus alunos por meio de parcerias com empresas, projetos de formação profissional e atividades culturais e esportivas.
Diante desses pontos, em nenhum momento está previsto que a APAE deva administrar o estacionamento rotativo da cidade. A questão, portanto, recai sobre a gestão pública e a delegação de responsabilidades que não condizem com a finalidade da instituição.
Esse cenário evidencia uma deficiência na administração pública municipal. Tradicionalmente, instituições como a APAE enfrentam dificuldades financeiras devido à natureza de seu funcionamento e, em muitas ocasiões, o poder público busca soluções paliativas que não necessariamente são racionais ou eficientes. O fato de a APAE estar à frente da gestão do estacionamento rotativo decorre da ausência de um convênio adequado por parte da administração municipal, que deveria assumir diretamente essa função ou delegá-la a uma empresa especializada.
É essencial compreender que uma instituição educacional deve focar na educação e não na administração de serviços urbanos. Cabe ao poder público encontrar soluções viáveis para essa questão, seja por meio de uma gestão própria ou da terceirização do serviço. Ao que tudo indica, há um movimento no atual governo municipal para reverter essa situação e estabelecer um modelo mais adequado. Resta aguardar os desdobramentos dessa decisão.
O tema voltou a ser polêmica nessa quarta feira quando a diretora administrativa deu uma entrevista alegando que “Área Azul nunca foi um bom negócio para a APAE de Rio do Sul”. Acompanhe a entrevista da diretora administrativa da APAE, Maria Madalena Ignaczuk dada a Rádio Mirador.